quinta-feira, 27 de novembro de 2008

Quando Osho nos fala sobre o amor

Quando Osho nos fala sobre o amor, tudo parece tão óbvio...
A gente fica com a sensação de que já sabe ou sabia tudo aquilo. E mais, ficamos achando que conhecemos aquele amor de que ele fala e que compreendemos perfeitamente que numa relação amorosa estamos sempre lidando com as diferenças. Conseguimos perceber o quanto a nossa parceira (ou parceiro) é diferente de nós e ficamos admirando as suas facetas interessantes, os seus coloridos distintos, e com muita tranqüilidade achamos que sabemos lidar muito bem com toda essa diversidade.
Sobretudo no início dos relacionamentos, que Osho chama de “primeira fase”, cada diferença identificada é objeto de um encantamento. E não apenas os detalhes “geográficos” que definem a dimensão física, incluindo o charme da cor dos olhos, o narizinho delicado, o jeito como os cabelos caem na testa, mas avançam, incluindo também o cheiro, a suavidade da pele, o olhar instigante, a maneira desleixada de andar.
Depois vem o encantamento com formas de pensar do outro, com a sua “bagagem cultural”, o seu senso estético, a maneira como reage diante de imprevistos, diante do que é repulsivo e diante de um sorriso de criança. E ela ainda tem um jeitinho muito especial de se mostrar enamorada, com as suas declarações de amor, o sabor de seus lábios, o aconchego de seu abraço... E aquela sensação indescritível de duas almas se dissolvendo em uma.
Definitivamente nos declaramos apaixonados. Desta vez não temos dúvidas: este é o amor de nossa vida. Desta vez a vida colocou em nosso caminho aquele alguém que estava marcado para ser o nosso grande e único amor.
Nessa hora dizemos que “entendemos” tudo o que Osho fala sobre o encontro de duas pessoas que se amam.

Mas, é exatamente nesse ponto que o rio começa a tomar um rumo diferente. As águas que até então seguiam tranqüilas, cortando vales floridos, de repente se deparam com cenários diferentes. Às vezes o rio encontra um deserto que absorve suas águas e ali mesmo ele desaparece. Outras vezes ele encontra um leito cheio de acidentes e suas águas se transformam em correntezas violentas. E, algumas vezes ele simplesmente encontra o mar e suas águas se dissolvem no oceano.

Em outras palavras queremos dizer que todo o romantismo inicial pode se desdobrar em, pelo menos, três possibilidades,

Na primeira possibilidade, toda a magia do nosso encontro e todo o encantamento que ele trouxe, também de maneira mágica, se transmuda em algo surpreendente, em algo que não conseguimos compreender.
Até então, vínhamos caminhando alegres pela rua, brincando e cantando, quando de repente, numa esquina igual a tantas outras, sem qualquer razão, olhamos para aquela mesma parceira (ou aquele parceiro) e, inexplicavelmente, a mesma tela colorida passa a assumir um preto e branco sem cheiro, sem sabor, sem vida. O encantamento se desfaz, ali, naquela esquina, sem qualquer motivo, sem qualquer explicação. Muitos relacionamentos “morrem” nesse exato momento.

Uma outra possibilidade é dos parceiros serem tomados por um estranho sentimento de que o relacionamento é algo que já está acertado e permanente. A partir de um certo momento, o romantismo inicial começa a ser substituído por uma sucessão de cobranças, cada vez mais intensas, cada vez mais carregadas de intolerância, de impaciência. O clima inicial de entendimento progressivamente é substituído por brigas e desencontros. Cada qual continua jurando amor pelo outro, continua afirmando que entende as diferenças do outro, mas, “em nome do amor” insiste em querer mudar no outro aquilo que é diferente de si. Parece que para aquele parceiro, aquele traço do outro, diferente do seu próprio traço, é algo errado, algo que não funciona, algo que precisa ser superado, Chega-se a dizer muitas vezes que é para “o próprio bem” do parceiro. Essa insistência de ambos os parceiros em cobranças e acusações se torna uma guerra permanente. Muitos relacionamentos duram anos nesse inferno.

Uma terceira possibilidade tem a ver com a maturidade de ambos os parceiros.
Ela acontece quando cada qual realmente compreende que o outro é um ser diferente e único, com maneiras distintas de ver o mundo, de se comportar, de reagir diante das circunstâncias. Cada um tem suas manias, seus gostos e preferências, seus vícios e suas virtudes e tudo isso faz parte do arco-iris que é cada pessoa. Quando há uma real aceitação de que o outro é único e diferente e quando há receptividade e abertura de ambas as partes, essa compreensão geralmente é utilizada por cada um para ver a si mesmo, se conhecer mais e se superar. O casal não apenas “grow old” (envelhecem) juntos, mas “grow up” (crescem) juntos. E isso ocorre não por pressão, insistência ou cobrança do outro, mas como conseqüência do amor.

2 comentários:

angela disse...

Olá Champak,
O grande barato é quando conseguimos estar 'old' e 'up'...ainda estou tentando!
Um abraço.

dehysinha disse...

querido Champak...cada vez vc se supera com seu super blog... exatamente como vc , eu segui os passoas para receber mei sannyas; VEET YACHARA...tenho ele comigo sempre(desde 1988) apesar de não participar dos convivios com outros sannyasins.Agora sim! tenho vcs desde o 1º boletim, e de repente encontrei amigos de Cabralia e Florianopolis que foram adentrando no meu PC e eu passando esse boletim, benvindo!