terça-feira, 27 de janeiro de 2009

Cadê o fio da barba de Jesus?


Vó Ângela era uma matriarca típica. E ela tinha seus méritos. Aprendeu rapidamente a língua de sua nova terra e logo conseguiu trabalhar como professora de português. A morte do marido Pietro complicou um pouco sua vida, afinal haviam chegado da Itália, fazia pouco tempo, no final do século XIX com três filhos a tira-colo.

Mas vó Ângela não se fez de rogada e aceitou logo casar-se novamente com aquele que viemos a conhecer como padrinho Artur. Padrinho porque ele era muito vaidoso e não aceitava ser chamado do avô. Ele era austríaco, fugiu das várias guerras do império Austro-húngaro na segunda metade do século XIX e clandestinamente chegou ao Brasil, escondendo-se nas vizinhanças de Juiz de Fora. Casara-se com uma ex-escrava que lhe deu quatro filhos antes de morrer e deixá-lo viúvo. Padrinho Artur ostentava com orgulho a foto de Francisco José I, imperador da Áustria e rei da Hungria, casado com a mulher considerada mais bonita de seu tempo, Isabel da Baviera, conhecida na família com o nome de Sissi, que veio a ser vivida no cinema por Romy Schneider, um sucesso de bilheteria, nos anos 50.

Conta-se que antes de vir para o Brasil, durante a guerra da unificação italiana, quando a região de Veneza era disputada entre austríacos e italianos, um padre italiano bateu na porta da casa de vó Ângela pedindo para se esconder, pois estava sob a mira dos soldados. Na madrugada, o padre foi embora sem ao menos se despedir. De manhã encontraram uma caixinha esquecida pelo padre, dentro da qual havia um fio da barba de Jesus (!?).

É bom lembrar que no início dos tempos modernos, a igreja “vendia”, ou seja, concedia indulgência a quem comprasse relíquias sagradas. Conta-se que havia 19.000 pedaços de ossos sagrados à venda e que com os fragmentos da cruz de Cristo disponíveis seria possível construir uma esquadra como a de Cabral, com treze navios. Isso talvez explique como o fio da barba de Jesus chegou em Juiz de Fora numa caixinha da vó Ângela. Vó Ângela deixou o corpo antes de 1940 e com ela desapareceu a tal caixinha. Conta minha mãe, que só os mais velhos tiveram acesso ao tal conteúdo da caixa. Nada mais ela sabe dizer a respeito. Eu sempre fiquei me perguntando: será que existiu a tal caixinha?

3 comentários:

Unknown disse...

Champak,

Ouvi dizer que a caixinha com o fio da barba de Jesus se encontra numa câmara secretíssima de uma das Igrejas de Ouro Preto... ou seria em Diamantina?

Abraços!

Mercedes Alvarez disse...

Champak. Sempre recebo os boletins do OshoBrasil, mas nunca havia acessado seu blog. Ainda conheço pouco sobre Osho, mas o que conheço já fez muita difrença em minha vida. Uma frase, que não é dele, costuma orientar-me na vida: NADA É POR ACASO!Não é dele, mas tem a ver com a esolha de simplesmente entregar-se aos aocntecimentos procurando extrair deles sabedoria... Perdeu o HD? Mas, o que veio de ganho no bojo dessa perda? Assim penso...
Grande abraço, feliz por conhecer um pouco de você.
Mercedes (Jundiaí-SP)

angela disse...

Oi Champa,

O fio da barba de Jesus eu não sei lhe dizer, mas estou com uma caixinha com treis garrafinhas: uma com água do rio Jordão, outra com areias da Terra Santa e a terceira com óleo da Galiléia.

Meu filho, que é músico, esteve tocando em Jerusalém e Tel-Aviv e me trouxe de presente estas relíquias.
Vou guardá-la e, quem sabe, um bisneto meu escreve um blog, algum dia, falando carinhosamente da caixinha e lembrando com saudades desta bisavó que , certamente, não estará mais neste plano físico.

Um abraço.