
Há poucos dias, a um comentário que citava Eckhart Tolle, eu respondi: “O que muda de um mestre para outro são suas estratégias para nos sacudir, para nos provocar, para nos fazer abrir os olhos. As mensagens não são conflitantes, mas as estratégias podem não ser convergentes. E eu aprendi com Osho que não é bom misturar os caminhos, pois a gente pode se confundir e não chegar a lugar algum.”
No dia seguinte, recebi o comentário de uma outra pessoa: “li o Poder do Agora e confesso que não percebi estratégia diferente dos ensinamentos de OSHO. Você poderia detalhar essa sua percepção e exemplificá-la ?”
Se eu recebesse essa pergunta há uns 5 ou 6 anos, teria sido mais fácil responder, pois imediatamente eu faria uma defesa emocional da preservação da mensagem pura do Osho. Com isso eu correria o risco de não reconhecer trabalhos, ações e abordagens de outros mestres que podem ser de grande ajuda para quem está procurando se encontrar, se conhecer e aguçar um pouco mais sua consciência.
Hoje eu quero aproveitar essa pergunta para responder com mais humildade e com fidelidade ao que sinto e percebo em meu coração.
Cada mestre tem suas próprias estratégias para nos seduzir, para nos envolver, para obter nosso comprometimento e nos fazer crescer. E cada um de nós é livre para aceitar essa sedução, esse envolvimento e para fazer suas escolhas e tomar suas decisões.
Ao me tornar sannyasin eu aceitei Osho como meu mestre. Isso significa muitas coisas. Antes de tudo significa entrega, aceitação, confiança. Eu sei os caminhos que trilhei até chegar ao Osho com o coração aberto, receptivo e confiante. Cada um trilha os caminhos de sua própria história pessoal.
E foi exatamente porque me entreguei, aceitei e confiei em meu mestre, que me foi possível, com os toques dele, romper muitas barreiras, dar saltos, livrar-me de apegos. Aceitá-lo como mestre e me sentir aceito como seu discípulo me deu força e apoio para me levantar e caminhar, E, aos poucos, num longo processo, fui compreendendo cada vez mais que o papel do mestre é me encorajar a conhecer meu próprio mestre interior e caminhar com meus próprios pés. Osho me ajudou a alcançar essa compreensão, através de seus toques.
Se eu estivesse dividido entre Osho e outro mestre que não enfatizasse o mesmo que ele, não creio que eu tivesse entrado de cabeça, pronto para correr riscos.
Pensando em escrever hoje, eu dediquei o dia de ontem a reler alguns segmentos do livro O Poder do Agora. Mesmo admitindo os limites de minha compreensão, eu devo dizer que sinto o Eckhart Tolle como um canal da sabedoria eterna e universal. Ao ler seu livro, eu sinto que ele me penetra pela mente. Ele explica com clareza, mas eu o sinto como se fosse um filósofo dando suas explicações. Ao ler trechos de seu livro eu digo para mim mesmo, ‘Isso é bem razoável, isso faz sentido.’ Fecho os olhos em alguns momentos porque ele mesmo sugere isso no começo do livro.
Quando eu leio um livro do Osho, eu sinto que ele me penetra pelo coração. Ao ler certos trechos do Osho, eu nada tenho a dizer, simplesmente fecho os olhos em silêncio porque não consigo prosseguir. Eu sinto a necessidade de dar uma parada e sentir internamente, e, muitas vezes, lágrimas brotam em meus olhos.
Além disso, Osho tem seu jeito peculiar de falar. Se eu sinto Eckhart Tolle como um filósofo sereno, eu sinto Osho como um poeta. Suas palavras são poemas.
E ele ainda tem aquele jeito brincalhão, debochado de se contradizer, contar piadas, nos pondo a rir e a dançar. Como diz o título de um de seus livros, ele não é ‘espiritualmente correto’.
Osho sempre foi muito contestado, incompreendido, perseguido, odiado e amado. Mas tudo isso faz parte de sua estratégia. Tudo isso ajudou a me seduzir, a quebrar as minhas resistências, e me entregar.
Mas as diferenças não se limitam a um estilo de falar e transmitir a mensagem.
As estratégias do Osho incluem suas revolucionárias técnicas de meditação. A sua mensagem está sempre atrelada à prática da meditação. E suas técnicas são especialmente adaptadas para o homem moderno ocidental.
Outro aspecto peculiar a Osho é a inclusão das terapias no processo pessoal de crescimento. A terapia como uma preparação do terreno para a meditação. A terapia como ferramenta para nos desbloquear, nos liberar, nos soltar, nos harmonizar psiquicamente.
Outro aspecto importante de seu trabalho é a celebração, a dança, a brincadeira, a festa.
No meu processo pessoal (‘com Osho’), tenho que reconhecer que foi fundamental a prática de suas técnicas de meditação por muitos e muitos anos, e até hoje, assim como a participação em muitos grupos e sessões de terapia. Sem esses dois pilares, somados à permanente leitura de seus livros, aos seus vídeos, às várias estadias em sua comuna na Índia, certamente eu não estaria me sentindo hoje mais inteiro, mais centrado, de bem comigo mesmo, mais tranqüilo e confiante, com mais discernimento, mais amoroso, mais sensível e sensitivo.
Para concluir, e reforçar essa característica do Osho de nos envolver e nos embalar, gostaria de citar o trecho final de uma fala sua, num vídeo que coloquei hoje na página do ‘Osho Brasil Instituto” no Facebook. Ele diz que todo o seu trabalho é um trabalho de arte e que nós, os seus sannyasins somos as telas nas quais ele pinta, somos os seus poemas, suas esculturas. E conclui dizendo: ‘Para ver a minha criatividade, você tem que ser parte dela, você não pode ser apenas um espectador, não pode ser alguém de fora, você tem que ser alguém de dentro. Porque isso é tão sutil, tão delicado, tão invisível que, a não ser que você entre nisso, com mente aberta, sem pré-julgamento, você não será capaz de experienciar isso. Apenas um pequeno experimento e a porta estará aberta.’